The World of Gerard van Oost and Oludara

Postagens marcadas com ‘seres encantados’

Saci-Pererê

O Saci-Pererê de A Bandeira do Elefante e da Arara foi um escravo menino no primeiro navio negreiro a aportar no Brasil. Porém, uma morte traiçoeira e um forte encantamento deram a ele seus poderes mágicos e o se tornaram o lendário Saci-Pererê.

Saci adora três coisas acima de todas as outras: tabaco, quebra-cabeças e atormentar viajantes da selva brasileira—em particular, Gerard van Oost e Oludara! Ele consegue pular na sua única perna mais rapidamente do que a maioria das pessoas consegue correr, e até pode “saltar” pelo espaço, se teletransportando de um lugar para outro à vontade—um poder que o deixa visitar a nossa dupla de heróis com uma frequência muito maior do que eles gostariam. Ele não é um membro oficial de A Bandeira do Elefante e da Arara, mas recomendo não contar este fato a ele!

Gerard e Oludara sabem a fonte dos poderes do Saci, mas se você gostaria de saber também, vai precisar ler “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara.” Para os que se divertiram com suas travessuras naquela primeira história, não se preocupem, ainda vão ver muito mais histórias com Saci-Pererê!
(Ilustração por Paulo Ítalo)

Dragão Africano

O mito da serpente gigante é um mito universal. Quase toda cultura humana possui histórias de serpentes e dragões. Não é atoa que a ligação entre Gerard e Oludara acontece por causa de duas serpentes: o Boitatá e o Dragão Africano.

A África possui muitas histórias de dragões. De fato, a África, berço da humanidade, pode também ser o berço dos dragões.

Xilogravura da África de Theodore de Bry (século XVI): antílopes, cobras, elefantes e—claro—um dragão!

O website Serene Dragon inclui 20 lendas de dragões que percorrem toda a extensão da África, do Norte a Sul. Até um orixá iorubano, Oxumaré, possui a forma de uma serpente com as cores do arco-íris. Este orixá não existe apenas na religião do povo ioruba, mas também entre muitos povos da África ocidental. Os povos que falam evê conhecem ele como Anyiewo, e os povos que falam fon o conhecem como Aido-Hwedo.

No livro Singularidades da França Antártica (1558), de André Thevet, o autor diz que África contem “uma quantidade enorme de animais selvagens: leões, tigres, dragões, leopardos, búfalos, hienas, panteras e outros.” Historiadores modernos interpretam o uso da palavra “dragão” como referência aos crocodilos. Nós, claro, sabemos melhor!

Em “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara”, Oludara encontra um dragão na África. Ele é descrito como “uma gigantesca serpente verde, exceto por pequenas e aparentemente inúteis asas e vários pares de pernas atarracadas com as quais se projetava para frente, ora remetendo a uma caminhada, ora a uma espécie de deslizar. As escamas apreciam impenetráveis, como placas de aço pintadas e amontoadas umas sobre as outras.” Quando Oludara oferece o elefante para o dragão, a ofensa é multiplicada, pois, no folclore africano, o elefante e dragão são inimigos tradicionais.

Com isso, podemos terminar esta postagem com esta interpretação artística sensacional de Paulo Ítalo:

O Dragão Africano por Paulo Ítalo

Boitatá

Histórias de serpentes gigantescas existem nas culturas de quase todas as civilizações humanas. Por isso, em “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara”, Gerard e Oludara se conhecem por causa de duas histórias de serpentes em lados opostos do mundo. Oludara conta a história do Dragão Africano, e Antonio Dias Caldas e Diogo falam da sua batalha contra outra serpente de proporções imensas: o Boitatá.

O Boitatá é um dos monstros mais antigos e famosos do Brasil. Seu nome vem do Tupi “mboi” (serpente) e “tatá” (fogo), e ele foi conhecido pelos povos brasileiros muito antes da chegada dos europeus.

Na série A Bandeira do Elefante e da Arara aparece uma versão desta criatura famosa. Este Boitatá sai apenas de noite; durante o dia ele se esconde no fundo de lagos e rios. Chamas azuis cobrem o seu corpo–chamas que queimam a carne de qualquer um que se aproxima, mas que não fazem dano alguma à vida vegetal.

Quando alguém chega perto o suficiente do bicho para enxergar através das chamas (uma manobra não aconselhável!), eles percebem que as escamas do bicho brilham com muitas cores, como o arco-íris que aparece na névoa de uma cachoeira.

Esferas de fogo queimam no lugar dos seus olhos, e qualquer um que fita aqueles olhos terríveis vai à loucura.

(Ilustração – Carolina Mylius)