The World of Gerard van Oost and Oludara

Archive for March, 2011

Leitura Escrita resenha “Encontro Fortuito”

Ana Carolina Silveira publicou hoje uma resenha do livro Duplo Fantasia Heroica, com comenários sobre “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara”.

Ela escreve:

“Todas as minhas expectativas foram cumpridas com louvor por essa noveleta que conta como Gerard van Oost e Oludara se encontraram e estabeleceram sua parceria. É uma aventura de tirar o fôlego, que me lembrou meus tempos de criança leitora da Coleção Vagalume, que assaltava a biblioteca da escola.”

Muito obrigado, Ana Carolina!

Você pode encontrar toda a resenha aqui.

Salvador

Não é à toa que as aventuras de A Bandeira do Elefante e da Arara começam na cidade de Salvador. Na época das viagens de Gerard van Oost e Oludara, Salvador era a capital e a cidade mais importante do Brasil.

De acordo com documentos da época, a população da cidade e arredores incluía cerca de 7.000 habitantes de origem portuguesa ou mesclada portuguesa-tupinambá, e 8.000 tupinambás nas terras adjacentes – muitos deles cristãos convertidos. Havia, também, aproximadamente 3.000 escravos africanos, um número em pleno crescimento.

Early 17th century map of Salvador

Mapa de Salvador no começo do século XVII

Embora tenham ocorrido tentativas anteriores para colonizar a região, a ocupação permanente de Salvador começou em 1549, quando Dom João III de Portugal mandou Tomé de Sousa e mais de quinhentos homens (e menos de dez mulheres) para estabelecer uma cidade à margem da Baía de Todos os Santos. Tomé conseguiu fundar o que seria a capital do Brasil por mais de duzentos anos.

sal1612

Salvador em 1612

sal2007

Salvador in 2007

Hoje, uma visita a Salvador é uma viagem pelo tempo. O Centro Histórico da cidade, onde aconteceu o primeiro encontro de Gerard e Oludara, dispõe não apenas de prédios e monumentos históricos, mas também a comida, dança e música singulares que emergiram da mistura de culturas africanas com as europeias ao longo de séculos.

saltoday

saltoday2

Salvador, para quem visita, é uma cidade inesquecível.

(Ilustrações: salvadorantiga.blogspot.com Fotos: Christopher Kastensmidt)

Torre de Belém

Em “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara”, Gerard repara em uma pintura no escritório do Pero de Belém em que ele reconhece a Torre de Belém.

Construído entre 1515 e 1521 para comemorar a famosa viagem de Vasco da Gama da Europa até a Índia, este prédio impressionante pode ser considerado o símbolo mais importante que nos resta hoje da Era dos Descobrimentos de Portugal. Durante aquela época, o pequeno país chegou a dominar metade dos mares do mundo.

tf11ag_pt

(Imagem: Governo de Portugal)

A Torre de Belém, cujo propósito principal era a defesa da entrada do Porto de Lisboa, era um dos últimos pontos de referência que os exploradores observavam ao embarcar nas suas viagens marítimas extraordinárias através do Oceano Atlântico. O caso de Gerard não foi diferente; ele admirou a famosa torre no começo da sua fadada viagem de Portugal ao Brasil.

tf123ag_pt

(Imagem: Governo de Portugal)

A torre contém decorações de elementos marítimos, símbolos cristãos e uma mistura de arquitetura gótica e mulçumana. Este estilo chama-se manuelino, por ser desenvolvido durante o reino de Manuel I de Portugal.

tf21ag_pt

(Imagem: Governo de Portugal)

Hoje, a torre encontra-se na freguesia de Santa Maria de Belém, no município de Lisboa. Ela foi tombada como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 2007.

Abacaxi

Em “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara“, Gerard menciona que o abacaxi é “considerado uma das maiores delícias de todo o mundo.  É tão apreciado pelos portugueses que eles chegam a mandar árvores até a Índia para garantir que a fruta esteja sempre à mão em suas colônias.”

Pineapple1

Com certeza, o abacaxi foi uma fruta muito estimada no século XVI.  Os cronistas da época foram unânimes nos seus elogios.  Seguem alguns dos seus comentários:

  • “A fruta é muito cheirosa, gostosa, e uma das boas do mundo, muito cheio de sumo, e boa para doente de pedra.” – Fernão Cardim
  • “O sabor dos ananases é muito doce e tão suave que nenhuma fruta de Espanha lhe chega na formosura, no sabor e no cheiro.” – Gabriel Soares de Sousa
  • “São tão saborosos que, a juízo de todos, não há fruta neste reino que no gosto lhes faça vantagem.” – Pero de Magalhães de Gândavo
  • “Fruta que em formosura, cheiro e sabor excede todas as do mundo.” – Frei Vicente do Salvador

Logo após encontrar o abacaxi no Novo Mundo, os portugueses e espanhóis começaram a exportá-lo para outras colônias tropicais para cultivo.

O abacaxi se chama de “ananás” em Portugal.  Acredita-se que os espanhóis aprenderam “naná” do seu contato com os Guaranis e espalharam esta palavra também entre os portugueses.  Os brasileiros, porém, incorporaram a versão Tupi de “ibá” (perfumado) + “cati” (fruta), formando o nosso abacaxi.  Vou discutir muito mais sobre os povos Tupi e seu idioma no futuro.

Agora, porém, acho que é hora para eu lanchar alguma coisa.  Adivinhe só o que…

Pineapple2

(Fotos por Christopher Kastensmidt)